Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1453
Title: Fim de vida em cuidados intensivos: a(s) prática(s) dos profissionais de saúde
Authors: Cerqueira, Maria Manuela Amorim
Vieira, Arminda Lima
Alves, Maria Manuela Ribeiro
Keywords: Pessoa sem perspetiva de cura
Cuidar
Cuidados intensivos
Patient with no prospect of cure
Care
Intensive care
Issue Date: 10-Dec-2015
Abstract: Cuidar da pessoa em fim de vida numa unidade de cuidados intensivos não têm apenas como finalidade, devolver a saúde ou pelo menos conservar a vida, mas o enfrentar a morte é outra das condições existentes. O que é facto é que a filosofia predominantemente assente num modelo biomédico existente nas unidades de cuidados intensivos sujeitam os doentes a uma morte desumanizada, fria e solitária. Deste modo, a complexidade do processo de fim de vida transcende a lógica e o racionalismo exigindo a quem cuida, desenvolver habilidades para serem capazes de restituir à pessoa que experiencia a última etapa da vida um novo sentido de viver. Com o intuito de contribuir para o respeito da dignidade humana no fim da vida em cuidados intensivos, assim como, para uma prática ética, moral, legal e deontologicamente irrepreensível, surgiu a questão: Qual a opinião dos profissionais de saúde acerca das estratégias de cuidados adotadas e a adotar, perante a pessoa sem perspetiva de cura, numa unidade de cuidados intensivos?, com o objetivo geral de conhecer a opinião dos profissionais de saúde, acerca das estratégias de cuidados adotadas e a adotar, perante a pessoa sem perspetiva de cura, numa unidade de cuidados intensivos. METODOLOGIA: Estudo qualitativo - estudo de caso; recolha de dados numa unidade de cuidados intensivos polivalente de um hospital da zona norte de Portugal; recurso à entrevista semiestruturada; sujeitos de análise: enfermeiros e médicos. Os dados foram analisados segundo o referencial teórico e metodológico de Bardin (2011). RESULTADOS: Através dos achados, verificamos que na ótica dos enfermeiros e médicos a possibilidade de prestar cuidados paliativos em unidades de cuidados intensivos não é aceite. Os enfermeiros identificam como estratégias de um cuidar paliativo, o desejo de promover o conforto, a analgesia, o alívio do sofrimento, o apoio familiar, o envolvimento da família nos cuidados, a individualidade da pessoa, o apoio no luto, o apoio religioso e o respeito pela espiritualidade do doente. A decisão em fim de vida, é na verdade um obstáculo poderoso na prática diária de quem trabalha em cuidados intensivos. Para além de ser uma das razões que justifica o prolongar da vida do doente, afigura-se como uma grande dificuldade para quem tem o dever e o conhecimento para o fazer. Decidir implica perdas, e muito provavelmente, é o medo de abrir mãos das demais opções o que mais perturba o processo de decisão. Os médicos e enfermeiros, reconhecem a importância da família no processo de decisão, mas admitem não solicitar a sua participação na construção do referido processo, assim como no acompanhar da pessoa em fim de vida internada em cuidados intensivos. Consideram ainda, que a comunicação da tomada de decisão se realiza para uns através de um processo unidirecional e de modo impessoal, sendo ocultada a informação por apenas um profissional. Os médicos consideram fundamental envolver os enfermeiros no processo de decisão e os enfermeiros também consideram fundamental a sua participação na construção da mesma decisão. CONCLUSÃO: Sobressai deste estudo que a pessoa sem perspetiva de cura numa unidade de cuidados intensivos polivalente ainda é focada na sua dimensão biológica, não sendo considerada na sua multidimensionalidade. O cuidar dos profissionais de saúde de uma unidade de cuidados intensivos deve estar centrado na pessoa e na sua circunstância. Para isso, é necessário percorrer um caminho que preserve a dignificação da pessoa em fim de vida, na valorização da família, no processo de acompanhamento e no respeito pela multidisciplinaridade na decisão.
Taking care of a patient at the end of his/her life in an intensive care unit doesn`t only mean working to return or preserve someone`s health, but also helping people facing death. The philosophy predominantly based on a biomedical model we have in intensive care units subject patients to a dehumanized, cold and lonely death. Therefore, the complexity of the end of life process transcends logic and rationalism and requires, to those who care, the development of abilities to be able to give the patient, who is experiencing the last stage of his/her life, a new sense of living. In order to contribute to the respect for human dignity in the last stage of life in an intensive care environment and to an ethic, moral, legal and ethically irreproachable practice, an issue arose: What is the opinion of health professionals in what concerns to the strategies adopted and to adopt towards a patient with no prospect of cure in an intensive care unit?, with the overall objective to know the opinion of health professionals about the care strategies adopted and to adopt, towards a patient with no prospect of cure in an intensive care unit. METHODOLOGY: qualitative study, case study, data collection in a polyvalent intensive care unit of a hospital in the north of Portugal, use of semi-structured interviews, subject analysis: nurses and doctors. Data were analyzed according to the theoretical and methodological framework of Bardin (2011). RESULTS: Through the findings, we found that from the viewpoint of nurses and doctors, the possibility of providing palliative care in an intensive unit care, is not accepted. Nurses identify the following strategies for a palliative care: the desire to promote comfort, analgesia, relief of suffering, family support, family involvement in care, the individuality of the patient, support in grief, the religious support and respect for the spirituality of the patient. The end of life decision is, indeed, a powerful obstacle in the daily practice of those who work in intensive care units. Besides being one of the reasons that justifies prolonging the patient's life, it seems like a great difficulty for those who have the duty and the knowledge to do so. Deciding implies losses, and most likely, the fear of abdicating of other options is what disturbs most the decision process. Doctors and nurses recognize the importance of the family in the decision process but they admit they do not request the family to participate in that process construction and to monitor the patient at the end of life hospitalized in intensive care. The majority of the interviewed professionals consider that the communication of the decision-making takes place through an impersonal one-way process, and only one of them hid the information. Both doctors and nurses consider that it is vital to involve nurses in decision-making. CONCLUSION: What stands out from this study is that the patient with no cure perspective in a polyvalent intensive care unit, is still focused on his/her biological dimension and he /she is not considered in his/her multi-dimensionality. When health professionals are taking care of patients in an intensive care unit, they should be centered on the patients and their circumstances. This requires following a path that preserves the person's dignity at end of his/her life, the family monitoring process and the respect for the multidisciplinary decision.
Description: Dissertação de mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica apresentada na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
URI: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1453
Appears in Collections:ESS - Dissertações de mestrado

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