Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2043
Title: Quando os netos se tornam cuidadores dos avós
Authors: Faria, Carla Maria Gomes Marques de
Reis, Ana Rita Lemos
Keywords: Relações avós-netos
Cuidados filiais
Cuidados intergeracionais
Envelhecimento
Relações familiares
Gerontologia Social
Grandparent-grandchildren relationships
Filial care
Intergerational care
Aging
Familial relationships
Social Gerontology
Issue Date: 14-Jun-2018
Abstract: Contexto e objetivos do estudo. O aumento do envelhecimento populacional e da longevidade humana conduziu a um fenómeno nunca antes vivido: nunca como agora várias gerações da mesma família partilham tanto tempo de vida comum. Paralelamente nunca antes as famílias sofreram tantas transformações e configurações, o que coloca grandes exigências e constrangimentos aos laços afetivos entre as várias gerações que compõe das famílias. Ao mesmo tempo, o envelhecimento acarreta um conjunto de exigências par as gerações mais novas, nomeadamente a de assumir os cuidados da geração mais velha pelo que o cuidar de um familiar assumiu um papel importante na investigação nas últimas décadas (Kahana, Biegel & Wykle, 1994). De acordo com Aldous (1994) cuidar refere-se ao suporte físico, financeiro, mas também emocional, nomeadamente em termos de conforto e acompanhamento que os membros da família proporcionam uns aos outros. Esse apoio incorpora a ideia de cuidar de alguém, a "preocupação com" e "assumir o controlo". Por outras palavras, há uma reciprocidade de cuidados entre o cuidador e o alvo de cuidados. Rabelo e Neri (2014) referem que os vínculos emocionais são fundamentais nas famílias, pois proporcionam um contexto favorável ao crescimento, desenvolvimento, segurança e autonomia de cada individuo. Os avós funcionam como elos de ligação na família, transmitindo valores e tradições e assumem-se como figuras de autoridade que apoiam os pais na socialização dos netos. Também podem ser cuidadores temporários dos netos quando os pais ficam limitados. Os avós costumam ter um papel mais informal do que os pais, uma vez que estão livres do stresse diário, do conflito e da responsabilidade formal pelo bem-estar da criança associados à paternidade (Sigurđardóttir e Júlíusdóttir,2013). Quando não são os principais responsáveis pela educação dos netos, a relação entre avós-netos é de natureza mais afetuosa, generosa e tolerante. Neste sentido, é importante para os avós a coesão familiar ou proximidade emocional (Rabelo & Neri, 2014). A forma como as gerações se relacionam do ponto de vista social e emocional depende de vários fatores, como o aumento do individualismo, as horas de trabalho, as trajetórias de vida, bem como os efeitos das mudanças globais e papéis de género (Sigurđardóttir & Júlíusdóttir, 2013). Devido às mudanças que afetam estes fatores é importante estudar os laços geracionais e as relações avós-netos para reunir conhecimento sobre a reciprocidade entre as gerações. Os investigadores no domínio estão cada vez mais atentos às interações entre gerações e, especificamente, às relações avós-netos. A maior parte da investigação no domínio tem-se concentrado nos filhos adultos como cuidadores principais motivados por fortes sentimentos de responsabilidade filial. No entanto, Blanton (2013) defende que o deslocamento do foco da investigação deve ser para a exploração da responsabilidade a nível familiar. Este autor estuda como as responsabilidades de cuidar dos familiares idosos afetam vários membros da família, nomeadamente os netos. Neste contexto, estabelece-se o objetivo do presente estudo compreender a relação afetiva e de cuidados entre avós idosos e netos adultos cuidadores. Método. No presente estudo, qualitativo de natureza fenomenológica, participam seis netos do género feminino com idades compreendidas entre os 22 e os 37 anos. O período de prestação de cuidados varia entre 18 meses e 15 anos. A recolha de dados foi efetuada com recurso a entrevista semiestruturada cujo guião foi construído especificamente para o estudo. As entrevistas gravadas em áudio foram depois transcritas e o seu conteúdo sujeito à análise de conteúdo (Creswell, 2013). Resultados. A análise de conteúdo das entrevistas permitiu identificar dois domínios comuns às entrevistas: (1) Relação neto(a)-avô(ó) e (2) Cuidar de um(a) avô(ó) constituídos por um número variável de categorias e subcategorias. O domínio Relação neto(a)-avô(ó) agrega toda a informação que permite caraterizar a relação afetiva entre os netos e os avós. O domínio Cuidar de um(a) avô(ó) reúne toda informação que possibilita caraterizar a relação de cuidados netos-avós. Os relatos das mesmas referem que estas proporcionam cuidados instrumentais, emocionais/relacionais e cuidados de supervisão. Conclusão. À semelhança do que acontece com outros cuidadores informais, também os netos cuidadores identificam efeitos positivos e negativos de cuidar dos avós, são motivados a assumir este papel por razões emocionais, relacionais e pragmáticas e reconhecem a relevância nuclear do cuidador informal na vida dos seus familiares idosos alvo de cuidados (avós).
Context and objectives. The increase in population aging and human longevity has led to a phenomenon that has never been experienced: never have many generations of the same family shared so much time in common life. At the same time, families have never undergone so many transformations and configurations, which places great demands and constraints on the affective bonds between the various generations that make up the families. At the same time, aging entails a set of requirements for younger generations, namely that of caring for the older generation, so that caring for a family member has played a significant role in research last decades (Kahana, Biegel & Wykle, 1994). According to Aldous (1994), care refers to the physical, monetary and emotional support (namely in terms of comfort and monitoring) that family members can give to one another. This support embodies the notion of caring for someone, “concern for” and “assuming control”. In other words, there is reciprocity in care between the caregiver and the family member being cared for. Rabelo and Neri (2014) mention that emotional bonds are fundamental in families, as they provide a favourable context for the growth, development, safety and autonomy of an individual. Grandparents act as links in the family, passing on values and traditions and serving as authority figures who support the parents in the socialisation of their grandchildren and can also care for them when the parents are busy. Grandparents tend to have a more informal role than parents, since they are free from daily stress, conflict, and formal responsibility for the well-being of the child associated with parenthood (Sigurđardóttir e Júlíusdóttir, 2013). When grandparents aren’t the main figures responsible for educating their grandchildren, the relationship between them is more affectionate, generous and tolerant. As such, family cohesion and emotional closeness are important to the grandparents. (Rabelo & Neri, 2014). The way different generations interact with one another from a social and emotional point of view depends on several factors, such as increasing individuality, work hours, life stories and the effects of global changes as well as changes in gender roles (Sigurđardóttir & Júlíusdóttir, 2013). As the changes which affect those factors evolve, it is important to study generational bonds and grandparent-grandchildren relationships in order to amass knowledge on intergenerational reciprocity. Researchers in this field are paying increasing attention to intergenerational interactions and, more specifically, to grandparent-grandchildren relationships. Most research in this field has focused on adult children as main caregivers, motivated by strong feelings of filial responsibility. However, Blanton (2013) argues that research should move towards a focus on exploring responsibility on a familial level. This author investigates how the responsibility of caring for elderly relatives affects several family members, namely grandchildren. In this context, the aim of this study is established: Understanding the affective and care bond between elderly grandparents and caregiving adult grandchildren. In this context, the aim of this study is established: Understanding the affective and care bond between elderly grandparents and caregiving adult grandchildren. Method. The participants in this qualitative, phenomenological study are six grandchildren, female, aged between 22 and 37 years old. The care provision period varies between 18 months and 15 years. Data collection was performed by means of a semi-structured interview, whose script devised specifically for this study. The interviews were recorded in audio format and then transcribed, their content subject to analysis (Creswell, 2013). Results. The content analysis of the interviews allowed for the identification of two common domains: (1) Grandchild-grandparent relationship and (2) Caring for a grandparent, constituted by a variable number of categories and subcategories. The domain Grandchild-grandparent relationship contains all of the information that characterises the affective between grandchildren and grandparents. The domain Caring for a grandparent contains all the information that characterises the grandchild-grandparent care relationship. According to the grandchildren’s accounts, they provide instrumental care, emotional/relational care and supervisional care. Conclusion. As with other informal caregivers, grandchildren caregivers also identify positive and negative effects of caring for grandparents, are motivated to assume this role for emotional, relational and pragmatic reasons and recognize the nuclear relevance of the informal caregiver in the lives of their elderly caregivers (grandparents).
Description: Dissertação de Mestrado em Gerontologia Social apresentada na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
URI: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2043
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