Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2548
Title: Perda e luto em cuidadores informais de pessoas mais velhas: “Ser mãe e deixar de ser filha”
Authors: Faria, Carla Maria Gomes Marques de
Gomes, Raquel Maria Ferreira
Keywords: Cuidadores informais
Perda
Luto
Envelhecimento
Gerontologia Social
Informal caregivers
Loss
Mourning
Aging
Social Gerontology
Issue Date: 6-Jul-2020
Abstract: Contexto e objetivos. A sociedade atual caracteriza-se pelo aumento do envelhecimento demográfico e o aumento da longevidade humana, que se constituem, simultaneamente, como uma das maiores conquistas da Humanidade nas últimas décadas e dos desafios mais complexos à capacidade de transformação societal. Especificamente, o aumento da longevidade coloca novos desafios à prestação de cuidados informais, pois associado ao avançar da idade está a maior probabilidade de doenças e incapacidades. Neste sentido, a necessidade de cuidados às pessoas mais velhas aumentou nos últimos anos e tende a manter esta tendência, sendo a família a principal fonte de suporte (Sequeira, 2018). No entanto, cuidar de pessoas mais velhas envolve um paradoxo de difícil conciliação: por mais e melhor que sejam os cuidados proporcionados à pessoa idosa, a perda por morte é inevitável. Assim, inerente ao cuidar encontra-se a perda e o luto, uma vez que pensar na morte é também pensar na perda de pessoas mais próximas e no respetivo luto. O luto é, assim, um processo reativo à perda que implica a vivência das suas manifestações no âmbito de um contexto individual (psicológico, espiritual), familiar, social e cultural estruturado. Embora a morte deva ser encarada de forma normativa, em algumas situações as pessoas em luto percebem que as manifestações se relacionam com a perda, mas não conseguem resolver o luto durante muito tempo, levando a processos de luto mal adaptativos (Barbosa, 2006). Torna-se, assim, relevante perceber o processo de luto que varia em função da pessoa e do contexto da morte. Neste sentido, estabelece-se como objetivo do presente estudo compreender o processo de luto em cuidadores informais de pessoas mais velhas no âmbito da relação de cuidados construída. Método. No presente estudo qualitativo, de natureza fenomenológica, participam quinze cuidadores informais de pessoas mais velhas, maioritariamente do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 44 e 90 anos, que perderam (por morte) o familiar há mais de seis meses. A recolha de dados foi realizada com recurso a entrevista semiestruturada, criada especificamente para o estudo. As entrevistas, gravadas em áudio, foram depois transcritas e sujeitas a análise de conteúdo (Creswell, 2013). Resultados. A análise de conteúdo permitiu identificar dois domínios: (1) Cuidados informais e (2) Luto do cuidador, constituídos por diversas categorias e subcategorias. O domínio Cuidados informais reúne informação relativa à experiência de ser cuidador informal de pessoas mais velhas; e o domínio Luto do cuidador agrega informação acerca da experiência de perda e luto do familiar idoso que era alvo de cuidados. Os relatos dos cuidadores mostram que a prestação de cuidados informais foi uma experiência positiva, pautada por desafios e com implicações positivas e negativas na vida do cuidador que culminou na perda da pessoa cuidada. Esta perda foi vivenciada pelos participantes de forma intensa, emocionalmente sobrecarregada e precipitando o cuidador para um processo de luto pautado por reações de choque, resignação, recusa ou integração, onde os recursos internos e externos se mostraram essenciais. Conclusões/implicações. Face aos resultados obtidos, importa integrar a perda e o luto enquanto componente dos cuidados informais de pessoas mais velhas. Esta nova conceção implica o desenvolvimento de intervenções centradas no cuidador que permitam não só assegurar cuidados de qualidade e o bem-estar do cuidador, mas também a preparação para a perda e o luto.
Context and objectives. Today's society is characterized by increased demographic aging and increased human longevity, which are both one of the greatest achievements of humanity in recent decades and the most complex challenges to the capacity for societal transformation. Specifically, the increase in longevity poses new challenges to the provision of informal care, as associated with advancing age is the highest probability of illness and disability. In this sense, the need for care of older people has increased in recent years and tends to maintain this trend, with family being the main source of support (Sequeira, 2018). However, caring for older people involves a paradox that is difficult to reconcile: regardless of the quality of care provided, the death of the elderly person is inevitable. Thus, underlying care is death and loss and mourning, since thinking about death is also thinking about the loss of loved ones and their mourning. Mourning is a process that is reactive to loss and involves experiencing its manifestations within an individual (psychological, spiritual), family, social and cultural structured context. Although death must be seen in a normative way, in some situations people in mourning realize that the manifestations are related to the loss, but they cannot resolve the mourning for a long time, leading to mal-adaptive mourning processes (Barbosa, 2006). It is thus relevant to perceive the mourning process that varies according to the person and the context of death. In this context, the objective of the present study is to understand the mourning process of informal caregivers of older people in the context of the care relationship built. Method. In this qualitative study, which is phenomenological, fifteen informal caregivers of older people participate, mostly women, aged between 44 and 90 years, who lost (by death) their family members more than six months ago. Data collection was performed using a semi-structured interview, developed specifically for the study. The interviews, recorded on audio, were then transcribed, and subjected to content analysis (Creswell, 2013). Results. The content analysis identified two domains: (1) Informal care and (2) Mourning of the caregiver, that integrate different categories and subcategories. The domain Informal care includes information about the experience of being an informal caregiver of older people; and the domain Mourning of the caregiver includes information about the experience of loss and mourning of the elderly family member who was the target of care. Caregivers' reports show that informal care was a positive, challenging experience with positive and negative implications on their life that culminated in the loss of the person being cared for. This loss was experienced by the participants intensely, emotionally overloaded and precipitating the caregiver into a process of mourning guided by shock reactions, resignation, rejection, or integration, where internal and external resources proved was essential. Conclusion. In view of the results obtained, it is important to integrate loss and mourning as a component of informal caregiving for older people. This new conception implies the development of interventions centred on the caregiver to provide not only quality care and well-being to the caregiver, but also preparation for loss and mourning.
Description: Dissertação de Mestrado em Gerontologia Social apresentada na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
URI: http://hdl.handle.net/20.500.11960/2548
Appears in Collections:ESE - Dissertações de mestrado

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
Raquel_Gomes.pdf1.35 MBAdobe PDFView/Open


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.