Construção e implementação de um programa de formação na comunidade em suporte básico de vida: desfibrilhação automática externa

Abstract

As doenças cardiovasculares representam a maior causa de morte na Europa, sendo responsáveis por mais de 3,9 milhões de mortes por ano, o que representa 45% de todas as mortes. Por comparação, as doenças oncológicas são responsáveis por aproximadamente 1,1 milhões de mortes por ano na Europa, o que simboliza 24% das mortes (Wilkins [et al.], 2017). As paragens cardiorrespiratórias em contexto extra-hospitalar, são responsáveis por aproximadamente 350 000 vítimas na Europa, mas quando essas vítimas têm acesso a desfibrilhação precoce, as suas possibilidades de sobrevivência duplicam. Contudo, apenas 4% das vítimas têm acesso a esta desfibrilhação precoce (Jarrah, Judeh &AbuRuz, 2018). Sanghavi [et al.] (2015) referem que os serviços de emergência nos Estados Unidos da América, anualmente, socorrem 380000 vítimas em paragem cardiorrespiratória em contexto extra-hospitalar, sendo que mais de 90% dessas pessoas chegam ao hospital sem sinais de vida. Para minimizar o impacto da paragem cardiorrespiratória em ambiente extra-hospitalar é consensual que é necessário um início precoce de suporte básico de vida com desfibrilhação automática externa. A redução dos tempos de deslocação dos meios de emergência até ao local é uma solução apresentada, mas atendendo à relação custoefetividade, esta estratégia é inviável. Assim, sugere-se que mais pessoas sejam capazes de realizar suporte básico de vida com desfibrilhação automática externa, sendo necessário dotar a comunidade de competências através de programas de formação (Ong, Perkins, Cariou, 2018) Este estudo permitiu construir e implementar um programa de formação em suporte básico de vida com desfibrilhação automática externa, na comunidade, por forma a dar resposta às necessidades da mesma perante uma vítima em paragem cardiorrespiratória. Adotou-se a metodologia de trabalho de projeto, recorrendo à experiência in loco do investigador, à realização de entrevistas não estruturadas a informantes privilegiados, à análise documental de dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Emergência Médica, e à aplicação de um questionário a elementos integrantes do trabalho como instrumentos de diagnóstico. A prossecução desta metodologia permitiu corroborar a importância do desenvolvimento deste estudo, tendo sido desenvolvidas várias atividades para capacitar a comunidade com competências teóricas e práticas para fazer face ao problema com que nos deparamos. Os resultados obtidos demonstram-nos que uma grande percentagem da comunidade em que nos inserimos não detém conhecimento acerca de suporte básico de vida com desfibrilhação automática externa, e que programas de formação como este são capazes de preparar a população em geral para socorrer vítimas de paragem cardiorrespiratória, contribuindo para a diminuição da taxa de mortalidade e morbilidade associadas a este evento.

Cardiovascular diseases are the leading cause of death in Europe, being responsible for more than 3.9 million deaths per year, representing 45% of all deaths. By comparison, cancer diseases are responsible for approximately 1.1 million deaths per year in Europe, which represents 24% of the deaths (Wilkins [ et al.] 2017). Cardiorespiratory arrests in an extra-hospital context are responsible for approximately 350 000 victims in Europe, but when these victims have access to early defibrillation, their chances of survival double. However, only 4% of victims have access to this early defibrillation (Jarrah, Judeh & AbuRuz, 2018). Sanghavi [ et al.] (2015) refer that emergency services in the United States of America, annually, succor 380,000 victims in cardiorespiratory arrest extra-hospital, more than 90% of these people arrive at the hospital without life signs. To minimize the impact of cardiorespiratory arrest in an extra-hospital environment, it is consensual that an early start of basic life support with automatic external defibrillation is necessary. The reduction of the travel time of emergency services to the location is a solution presented, but given the cost-effectiveness, this strategy is impracticable. Thus, it is suggested that more people can perform basic life support with automatic external defibrillation, and it is necessary to endow the community with skills through training programs (Ong, Perkins, Cariou, 2018). This study allowed create and implement a training program in basic life support with automatic external defibrillation, in the community, in order to respond to their needs when having to assist a victim in cardiorespiratory arrest. It was adopted the project work methodology, using the researcher's on-site experience, the conduction of unstructured interviews with privileged informants, document analysis of data provided by the National Institute of Medical Emergency and the application of a questionnaire to integrant elements of the work as diagnostic tools. The pursuit of this methodology allowed to corroborate the importance of this study, having been developed several activities to empower the community with theoretical and practical skills to face the problem we are coming across. The results obtained show us that a large percentage of the community in which we are integrated does not have knowledge about basic life support with automatic external defibrillation, and that training programs like this can prepare the general population to help victims of cardiorespiratory arrest, contributing to the decrease in the mortality and morbidity rate associated with this event.