Dismorfia muscular, uma patologia que afeta os fisiculturistas portuguesas

Abstract

Objetivo: descrever se há indícios de dismorfia muscular (DM) entre os fisiculturistas portugueses e o grau de severidade dos mesmos; se é adequado dizer que os fisiculturistas possuem maior probabilidade de desenvolver tal patologia do que os atletas dos demais desportos, tendo por base os halterofilistas portugueses; e, se existe relação entre os indícios de DM e o grau de satisfação com a imagem corporal (IC). Métodos: estudo observacional, transversal e de carácter descritivo, aplicado em uma amostra composta por 94 fisiculturistas e 32 halterofilistas, através dos seguintes instrumentos: (1) questionário sociodemográfico; (2) questionário para identificar a propensão à DM, com score específico para cada sintoma; e (3) escala de silhuetas, para verificar a perceção da IC, mediante a comparação entre as imagens indicadas como atuais e as imagens indicadas como ideais. Resultados: 61% dos fisiculturistas masculinos e 50% das fisiculturistas femininas apresentaram graves indícios de DM; os fisiculturistas apresentaram uma tendência consideravelmente maior de desenvolver DM do que os halterofilistas; não houve relação estatisticamente significativa entre o grau de satisfação da IC e os graves indícios de DM. Conclusão: Grande parte dos fisiculturistas portugueses, masculinos e femininas, apresentam graves indícios de DM, com percentuais significativamente maiores do que os halterofilistas, sendo pouco provável que sejam superados na escala de propensão à DM por atletas de quaisquer outras modalidades, pois, além de serem os únicos que possuem a estética corporal como única finalidade, tais atletas preenchem todos os critérios diagnósticos da doença, os quais, quando combinados, lhes conferem maior pontuação na escala de propensão à DM. Não houve relação direta entre os graves indícios de DM e o grau de satisfação com a IC.

Objective: describe whether there are signs of muscular dysmorphia (DM) among Portuguese bodybuilders and the degree of severity of the same; whether it is appropriate to say that bodybuilders are more likely to develop this pathology than athletes from other sports, based on Portuguese weightlifters; and, if there is a relationship between the signs of DM and the degree of satisfaction with the body image (BI). Methods: observational, cross- sectional and descriptive study, applied in a sample composed of 94 bodybuilders and 32 weightlifters, through the following instruments: (1) sociodemographic questionnaire; (2) questionnaire to identify the propensity to DM, with specific score for each symptom; and (3) silhouette scale, to verify the perception of BI, through the comparison between the images indicated as current and the images indicated as ideal. Results: 61% of male bodybuilders and 50% of female bodybuilders had severe signs of DM; bodybuilders had a considerably higher tendency to develop DM than weightlifters; there was no statistically significant relationship between the degree of satisfaction of BI and severe signs of DM. Conclusion: Most Portuguese bodybuilders, male and female, have serious signs of DM, with percentages significantly higher than weightlifters, and it is unlikely that they will be surpassed in the DM propensity scale by athletes of any other modalities, because, in addition to being the the only ones who have body aesthetics as their only purpose, such athletes fulfill all the diagnostic criteria of the disease, which, when combined, give them a higher score on the DM propensity scale. There was no direct relationship between severe signs of DM and the degree of satisfaction with BI.