Atividade física, depressão e ansiedade em pacientes com cancro da mama

Abstract

Objetivos: avaliar a atividade física e os sintomas da depressão e da ansiedade em mulheres com cancro da mama e analisar potenciais correlações entre estas variáveis e a perceção da qualidade de vida (QdV) e da saúde. Métodos: mulheres com diagnóstico de cancro da mama (n=33; 54,45±12,11 anos) participaram voluntariamente no presente estudo. Para avaliar a atividade física, aplicamos o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Com base neste questionário, estimamos os METs-min/sem para classificar as participantes em inativas (≤600METs-min/sem) ou fisicamente ativas (FA; >600 METs-min/sem). Para avaliar a prevalência de sintomas da depressão e ansiedade, utilizamos a Escala de Autoavaliação da Depressão (EAD) - Zhung e a Escala de Autoavaliação da Ansiedade (EAA) - Zhung, validadas para a população oncológica. A perceção da QdV e da saúde foi avaliada através do Questionário da Organização Europeia para a Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC-QLQ C30). O teste não-paramétrico Mann-Whitney para amostras independentes foi usado para analisar as diferenças entre os grupos inativo e FA. O tamanho do efeito (TE) foi calculado para determinar a magnitude das diferenças. A correlação de Spearman foi realizada para analisar as potenciais correlações entre as variáveis estudadas. O valor de α foi definido a priori em 0,05. Resultados: as participantes obtiveram uma média de 882,73±725,84 METS-min/sem. Do total das participantes, 54,5% (n=18) eram FA. A pontuação obtida na EAD foi de 37,7±8,92. Cerca de 70% (n=23) das participantes obtiveram uma pontuação no nível normal (<40). Nenhuma participante reportou a toma de antidepressivos. O grupo FA apresentou mais atividade física comparativamente ao grupo inativo (p<0,001; TE=8,07) com um TE muito grande. O grupo FA reportou pontuação mais alta no item QdV comparativamente ao grupo inativo (p=0,044; TE=0,88) com um TE moderado comparativamente ao grupo inativo. O grupo FA apresentou uma pontuação mais baixa na EAD (p=0,003; TE= 0,92) comparativamente ao grupo inativo com um TE moderado. Conclusões: apesar da amostra pequena e de um único momento de avaliação, os resultados sugerem que as mulheres com cancro da mama FA apresentam níveis de depressão normais associado a uma melhor QdV.

Objectives: to evaluate physical activity, depression and anxiety symptoms in breast cancer women and to analyse potential correlations between these variables and perceived quality of life (QoL) and health. Methods: women diagnosed with breast cancer (n=33; 54,45±12,11 years) voluntarily participated in the present study. To evaluate the profile of physical activity, was applied the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Based on IPAQ, METS min/week were estimated, in order to categorise into inactive (≤600METs min/week) or physically active (PA; >600 METs-min/week) groups. The depression and anxiety symptoms were assessed by using Self-reported Depression and Anxiety Scale-Zhung (SDSZ and SDASZ), both validated for cancer population in Portugal. The perceived QoL and health were evaluated by European Organisation for Research and Treatment of Cancer (EORTC-QLQ C30). The non-parametric test Mann-Whitney for independent samples was applied to analyse the differences between groups. Effect size (ES) was also calculated to determine the magnitude of the difference. Spearman’s correlation was performed to analyse the correlations between studied variables. Significance level was defined as p < 0.05. Results: participants obtained an average of 882,73±725,84 METS-min/sem. From all, 54,5% (n=18) were PA. The SDSZ score was an average of 37,70±8,92. Approximately 70% (n=23) of the participants were at normal level (<40). None reported antidepressants intake. The group PA reported a higher score in QoL compared to inactive group (p<0,001; ES=8,07) with a very large ES. The group PA showed a lower score in SDSZ (p=0,003; TE= 0,92) compared to inactive group with moderate ES. Conclusion: in spite of the small sample and one single assessment in time, data from the present study suggest that PA women showed lower scores in depression, which was associated with a better QoL, in breast cancer patients/survivors.