Qualidade de vida no trabalho e work engagement em profissionais da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Abstract

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, é uma das mais recentes respostas do Sistema Nacional de Saúde Português. É por isso fulcral, a realização de estudos que avaliem esta resposta, mas que também incidam sobre os profissionais que diariamente asseguram a prestação de cuidados. O conhecimento sobre qualidade de vida no trabalho e o work engagement, dos profissionais é fundamental para melhorar a qualidade destas organizações. Surge desta forma a motivação para este estudo, que teve como objetivo conhecer os níveis de qualidade de vida no trabalho e o work engagement dos profissionais da Rede Nacional de Cuidados Integrados. Para o efeito, utilizaram-se 3 instrumentos, um questionário de caraterização sociodemográfico e profissional construído pelo autor, pelo Quality of Work Life Scale (QWLS) de Sirgy et al. (2001) traduzido e adaptado para a população portuguesa por Sinval et al. (2020) e pela Utrecht Work Engagement Scale short version (UWES-9) de Schaufeli e Bakker (2003), traduzida e adaptada para a população portuguesa por Sinval et al. (2018). Num universo de cerca de 1000 profissionais das Residências Montepio – serviços de saúde S.A., foram estudados 240 indivíduos. Os resultados obtidos demostram que os profissionais apresentam valores de qualidade de vida no trabalho em linha com outros estudos e que apresentam valores de work engagement considerados altos. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas nas médias de qualidade de vida no trabalho em função das variáveis sociodemográficas, sexo (t=-1,97; p=0,016) e nacionalidade (t=-2,041; p=0,042) e das variáveis socioprofissionais, classificação no nível remuneratório (t=--7,865; p<0,001), experiência profissional (t=-2,51; p=0,013), antiguidade na instituição (t=2,123; p=0,035), categoria profissional (F=3,483; p=0,033) e tipo de vinculo laboral (F=3,178; p=0,043). Também se verificaram diferenças nas médias de work engagement tendo em conta as variáveis sociodemográficas, estado civil (F=-4,28; p=0,006) e faixa etária (F=3,476; p=0,009) e socioprofissionais, classificação no nível remuneratório (t=--5,015; p<0,001), experiência profissional (t=-3,343; p<0,001) e categoria profissional (F=6,385; p=0,002). Verificou-se uma correlação positiva, moderada e altamente significativa entre a qualidade de vida no trabalho e o work engagement (r=0,658; p<0,001). Conclui-se que as avaliações e consequentemente as intervenções ao nível da qualidade de vida no trabalho e do work engagement dos profissionais da Rede Nacional de Cuidados Continuados integrados, tem de ter em conta a variabilidade sociodemográfica e profissional destes indivíduos e que ações ao nível da qualidade de vida no trabalho e especificamente ao nível das necessidades de atualização dos profissionais, podem ter efeitos positivos nos níveis de work engagement.

The national network of integrated continuity care is one of the most recent responses of the Portuguese National Health System. It is therefore crucial to carry out studies that assess this response, but also focus on the professionals who ensure the provision of care on a daily basis. Knowledge about the quality of work life and work engagement of professionals is essential to improve the quality of these organizations. In this way, the motivation for this study arises, which aimed to know the levels of quality of life at work and work engagement of professionals in the national network of integrated continuity care. The data collection instrument consisted of a sociodemographic and professional questionnaire, the Quality of Work Life Scale (QWLS) by Sirgy et al. (2001) translated and adapted for the Portuguese population by Sinval et al. (2020) and the Utrecht Work Engagement Scale short version (UWES-9) by Schaufeli and Bakker (2003), translated and adapted for the Portuguese population by Sinval et al. (2018). In a universe of around 1000 professionals from Residências Montepio – Serviços de Saúde S.A., 240 individuals were studied. The results obtained show that professionals have values of quality of work life in line with other studies and that they have values of work engagement considered high. There were statistically significant differences in the means of quality of work life according to sociodemographic variables, gender (t=-1.97; p=0.016) and nationality (t=-2.041; p=0.042) and socio-professional variables, classification in salary level (t=--7.865; p<0.001), professional experience (t=-2.51; p=0.013), seniority in the institution (t=2.123; p=0.035), professional category (F=3.483 ; p=0.033) and type of employment relationship (F=3.178; p=0.043). There were also differences in the averages of work engagement taking into account sociodemographic variables, marital status (F=-4.28; p=0.006) and age group (F=3.476; p=0.009) and socioprofessional variables, classification in salary level ( t=--5.015; p<0.001), professional experience (t=-3.343; p<0.001) and professional category (F=6.385; p=0.002). There was a positive, moderate and highly significant correlation between quality of life at work and work engagement (r=0.658; p<0.001). It is concluded that the evaluations and, consequently, the interventions in terms of quality of work life and the work engagement of the professionals of the National Network of Integrated Continuity Care, must take into account the sociodemographic and professional variability of these individuals and that actions in terms of quality of work Life and specifically in terms of professionals' updating needs, can have positive effects on work engagement levels.