Qualidade de vida da pessoa idosa: a pessoa idosa institucionalizada com ERPI: contributo para o envelhecimento saudável

Abstract

O envelhecimento demográfico é uma realidade inquietante. Portugal, à semelhança de outros países, tem vindo a registar um aumento da longevidade e da população idosa. Há, portanto, maior ênfase na qualidade de vida (QdV) da pessoa idosa, transformando-a num foco importante para políticas de saúde. Torna-se relevante analisar este conceito e de que forma é percecionado e influenciado para obter um conhecimento profundo da realidade do envelhecimento e elencar um conjunto de ações numa lógica de co-construção que permita repensar o envelhecimento. Desta forma, elaborou-se um trabalho de investigação com o objetivo principal de conhecer a perceção de QdV dos idosos institucionalizados. Para tal, realizou-se um estudo de abordagem quantitativa, observacional, transversal, analítico-correlacional, tendo sido utilizado como instrumento de avaliação de percepção de QdV a WHOQOL-Bref. Da amostra de 181 idosos com idades compreendidas entre os 65 e os 96 anos resultou numa perceção de QdV mediana (51.8 %), mas com valores preocupantes no âmbito do domínio físico (48.1%). Nos estudos de comparação constatou-se a existência de várias variáveis implicadas na perceção de QdV. Notou-se uma melhor QdV nas mulheres no domínio das relações sociais (p=0.032), níveis de perceção de QdV melhores no domínio físico (p=0.009) em idosos mais novos, a escolha da institucionalização é um fator preditor de QdV no total (p=0.025), idosos que recebem visitas apresentam melhor QdV no domínio das relações sociais (p=0.015), a participação dos idosos em atividades proporcionadas pelas instituições aumenta a perceção de QdV no domínio psicológico (p=0.001), o consumo de bebidas alcoólicas sobe a QdV no domínio perceção de QdV e saúde (p=0.007), os hábitos tabágicos melhoram a perceção da QdV no domínio psicológico (p=0.007), ter um sono reparador é positivo para a QdV no domínio físico (p=0.043), a utilização de um equipamento adaptativo diminui a perceção de QdV no domínio físico (p=0.036) e a toma de medicação ansiolítica está associada a piores níveis de perceção de QdV no domínio físico (p=0.005). Verificou-se a uma boa mobilidade e a uma boa condição de saúde está associada a uma melhor perceção de QdV (p<0.001). Finalmente, evidenciaram-se correlações positivas entre WHOQOL-Bref total, a perceção de qualidade de vida e saúde e os domínios físico e psicológico com as variáveis “como avalia a sua mobilidade/dependência?” e “em geral, como classifica a sua saúde?”. Uma das estratégias para melhorar a perceção de QdV do idoso passa por desenvolver projetos que promoção da saúde e da atividade física. O presente relatório expõe também o percurso realizado para a aquisição de competências durante todo o trajeto académico para obtenção do grau de mestre e para a atribuição do título profissional de enfermeiro especialista.

Demographic aging is a disturbing reality. Portugal, like other countries, has been experiencing an increase in longevity and the elderly population. There is, therefore, greater emphasis on the quality of life (QoL) of the elderly, making it an important focus for health policies. It becomes relevant to analyze this concept and how it is perceived and influenced in order to obtain a profound knowledge of the reality of aging and list a set of actions in a co-construction logic that allows rethinking aging. In this way, an investigation work was elaborated with the main objective of knowing the perception of QoL of the institutionalized elderly. To this end, a quantitative, observational, cross-sectional, analytical-correlational study was carried out, using the whoqol-bref as an instrument to assess QoL perception. From the sample of 181 elderly people aged between 65 and 96 years, it resulted in a median perception of qol (51.8%), but with worrying values in the physical domain (48.1%). In the comparison studies, it was verified the existence of several variables involved in the perception of QoL. A better QoL was noted in women in the domain of social relations (p=0.032), better QoL perception levels in the physical domain (p=0.009) in younger elderly people, the choice of institutionalization is a predictor of QoL in total (p=0.025), elderly people who receive visits present better QoL in the domain of social relationships (p=0.015), the participation of elderly people in activities provided by institutions increases the perception of QoL in the psychological domain (p=0.001), consumption of alcoholic beverages increases the QoL in the domain perception of QoL and health (p=0.007), smoking habits improve the perception of QoL in the psychological domain (p =0.007), having restful sleep is positive for QoL in the physical domain (p=0.043), the use of adaptive equipment decreases the perception of QoL in the physical domain (p=0.036) and taking anxiolytic medication is associated with worst levels of QoL perception in the physical domain (p=0.005). It was found that good mobility and good health are associated with a better perception of QoL (p<0.001). Finally, there were positive correlations between the total WHOQOL-Bref, the perception of QoL and health and the physical and psychological domains with the variables “how do you rate your mobility/dependence?” And “in general, how would you rate your health?”. One of the strategies to improve the QoL perception of the elderly is to develop projects that promote health and physical activity. This report also sets out the path taken to acquire skills throughout the academic journey to obtain a master's degree and to award the professional title of specialist nurse.