Please use this identifier to cite or link to this item: http://hdl.handle.net/20.500.11960/3457
Title: Vinculação e resiliência na meia-idade: um estudo com adultos em double e triple caregiving
Authors: Faria, Carla Maria Gomes Marques de
Dias, Sónia Manuela Mendes
Viana, Cristina Soares
Keywords: Gerontologia Social
Meia-idade
Resiliência
Vinculação
Double e triple caregiving
Social Gerontology
Middle-age
Resilience
Attachment
Double and triple caregiving
Issue Date: 23-Jun-2023
Abstract: Contexto e objetivo. A meia-idade é o período mais extenso da vida adulta e o menos investigado (Lachman, 2015), predominando narrativas estereotipadas como a crise da meiaidade. No entanto, os adultos de meia-idade assumem um lugar nuclear, sendo cada vez mais responsáveis pelo bem-estar das gerações mais novas e mais velhas. Neste contexto, a meiaidade assume um lugar pivotal em termos individuais, familiares e societais (Lachman et al., 2015). Os adultos de meia-idade têm de assegurar o cuidado aos pais envelhecidos, e simultaneamente aos filhos que tardam em sair de casa, e paralelamente gerir a vida profissional e preparar a sua própria velhice (Infurna et al., 2020). Neste sentido, os adultos de meia-idade têm de lidar e adaptar-se a uma diversidade de desafios e exigências simultâneas que obrigam à mobilização de recursos intra e interindividuais, sendo que a literatura tem apontado a resiliência como um dos recursos mais relevantes na meia-idade. A resiliência, definida como a capacidade individual de experienciar e manter o bem-estar psicológico, e até aumentá-lo, perante a adversidade, tem sido associada a níveis mais elevados de bem-estar, desenvolvimento pessoal e qualidade de vida em pessoas na meia-idade (Ryff, 2017). Também a qualidade da vinculação se tem mostrado um recurso desenvolvimental fundacional, sendo a vinculação segura um pré-requisito para uma adaptação positiva (Rasmussen, et al., 2019). Especificamente, estilos de vinculação seguros estão associados a respostas mais construtivas e adaptativas perante conflitos e stress do que estilos inseguros (Cozzarelli, Karafa, Collins & Tagler, 2003). Mais recentemente, a literatura tem chamado a atenção para um grupo específico de adultos de meia-idade: os que combinam o exercício de atividade profissional na área dos cuidados formais com os cuidados informais a uma ou mais gerações (filhos e/ou pais), designados por double ou triple caregivers. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivos (1) avaliar resiliência e vinculação em adultos de meia-idade em double e/ou triple caregiving e (2) analisar a relação entre vinculação e resiliência tendo em conta a condição de double e triple caregiving. Método. Desenhamos um estudo quantitativo, transversal, correlacional, em que participaram 123 adultos com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos, em condição de double ou triple caregiving. Os dados foram recolhidos com protocolo constituído pelos seguintes instrumentos: Loving/Working: Are They Related? (Hazan & Shaver, 1990; versão portuguesa de Fonseca & Soares, 2005); Escala de Resiliência (ER; Wagnild & Young, 1993; versão portuguesa de Felgueiras, Festas & Vieira, 2010); e questionário sociodemográfico, que foi aplicado online entre maio e outubro de 2022. Resultados. Os participantes têm em média 46,4 anos (dp=5,95), são maioritariamente do género feminino (83,7%), casados (78%), com formação superior (72,4%) e desempenha atividade profissional numa instituição pública (46,70%) há aproximadamente 18 anos (dp=8,96). O estilo de vinculação seguro é o mais frequente (74%), não tendo sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os cuidadores em double e triple caregiving. A resiliência apresenta valores médio-altos (M=130,28, dp=21,21), sendo que a dimensão da resiliência na qual os participantes apresentam resultados médios mais baixos é a Serenidade (M=26,11; dp=5,78) e resultados médios mais elevados a Perseverança (M=40,38; dp=7,33). Paralelamente, encontraram-se diferenças estatisticamente significativas na resiliência nos dois grupos de cuidadores ao nível da dimensão Sentido de Vida (U=879,0, p=0,018), sendo que os participantes em triple caregiving apresentam valores superiores comparativamente aos em double caregiving. No que se refere à relação entre vinculação e resiliência, observam-se diferenças estatisticamente significativas na resiliência total e em todas as suas dimensões em função dos estilos de vinculação, com os participantes com vinculação segura que apresentam valores estatisticamente superiores comparativamente aos participantes com vinculação insegura-ansiosa. Conclusão. O presente estudo é pioneiro ao estudar um grupo específico de adultos de meiaidade, double e triple caregivers, que assumem um lugar fundacional nos cuidados formais e informais a pessoas mais velhas. Os resultados obtidos evidenciam a relevância da qualidade da vinculação e da resiliência na capacidade adaptativa dos adultos da meia-idade. Considerando o lugar pivotal que os adultos de meia-idade assumem atualmente e as implicações dos desafios da meia-idade para o processo de envelhecimento, é fundamental o desenvolvimento de intervenções gerontológicas orientadas para a meia-idade optimizadoras do desenvolvimento e do envelhecimento bem-sucedido.
Context and aim. Midlife is the longest period of adult life and the least investigated (Lachman,2015), with stereotyped narratives such as the midlife crisis predominating. However, middleaged adults assume a central place, being increasingly responsible for the well-being of younger and older generations. In this context, middle age assumes a pivotal place in individual, family and societal terms (Lachman et al., 2015). Middle-aged adults have to take care of their aging parents, and at the same time their children who are late leaving home, and at the same time manage their professional life and prepare for their own old age (Infurna et al., 2020). In this sense, middle-aged adults have to deal with and adapt to a variety of challenges and simultaneous demands that require the mobilization of intra and inter-individual resources, and the literature has pointed to resilience as one of the most relevant resources in middle age. Resilience, defined as the individual ability to experience and maintain psychological well-being, and even increase it, in the face of adversity, has been associated with higher levels of well-being, personal development and quality of life in people in the middle -age (Ryff, 2017). The quality of attachment has also been shown to be a foundational developmental resource, with secure attachment being a prerequisite for a positive adaptation (Rasmussen, et al., 2019). Specifically, secure attachment styles are associated with more constructive and adaptive responses to conflict and stress than insecure styles (Cozzarelli, Karafa, Collins & Tagler, 2003). More recently, the literature has drawn attention to a specific group of middle-aged adults: those who combine professional activity in the area of formal care with informal care for one or more generations (children and/or parents), called double or triple caregivers. In this context, the present study aims to (1) evaluate resilience and attachment in middle-aged adults in double and/or triple caregiving and (2) analyze the relationship between attachment and resilience taking into account the condition of double and triple caregiving. Method. We designed a quantitative, cross-sectional, correlational study, in which 123 adults aged between 40 and 60 years participated, in a double or triple caregiving condition. Data were collected using a protocol consisting of the following instruments: Loving/Working: Are They Related? (Hazan & Shaver, 1990; Portuguese version by Fonseca & Soares, 2005); Resilience Scale (ER; Wagnild & Young, 1993; Portuguese version by Felgueiras, Festas & Vieira, 2010); and sociodemographic questionnaire, which was applied online between May and October 2022. Results. Participants are on average 46.4 years old (sd=5.95), are mostly female (83.7%), married (78%), with higher education (72.4%) and perform a professional activity in an institution (46.70%) for approximately 18 years (sd=8.96). The secure attachment style is the most frequent (74%), with no statistically significant differences being found between caregivers in double and triple caregiving. Resilience presents medium-high values (M=130.28, sd=21.21), and the dimension of resilience in which the participants present lower average results is Serenity (M=26.11; sd=5, 78) and higher average results for Perseverance (M=40.38; sd=7.33). At the same time, statistically significant differences were found in resilience in the two groups of caregivers in terms of the Meaning of Life dimension (U=879.0, p=0.018), with participants in triple caregiving presenting higher values compared to those in double caregiving. With regard to the relationship between attachment and resilience, statistically significant differences are observed in total resilience and in all its dimensions depending on attachment styles, with participants with secure attachment having statistically higher values compared to participants with insecure attachment -anxious. Conclusion. The present study is a pioneer in studying a specific group of middle-aged adults, double and triple caregivers, who assume a foundational role in formal and informal care for older people. The results obtained show the relevance of the quality of attachment and resilience in the adaptive capacity of middle-aged adults. Considering the pivotal role that middle-aged adults currently assume and the implications of midlife challenges for the aging process, the development of midlife-oriented gerontological interventions that optimize development and successful aging is essential.
Description: Dissertação de Mestrado em Gerontologia Social apresentada na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
URI: http://hdl.handle.net/20.500.11960/3457
Appears in Collections:ESE - Dissertações de mestrado

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