Surf ao serviço do desenvolvimento e da paz

Abstract

Enquadramento: Estudos anteriores encontraram correlações positivas entre a experiência do surfing, o estado de bem-estar psicológico e a integração das crianças envolvidas, no que se pode designar de Surf Therapy (eg. crianças com deficiência; bem estar e integração social). Neste sentido, pretende-se refletir sobre um modelo lógico e um currículo desenvolvido em São Tomé e Príncipe, para a implementação do surfing ao serviço do desenvolvimento e da paz nos países do sul. Objetivo: analisar o impacto da implementação do currículo e do modelo lógico na comunidade, através do relato de cada participante, do seu bem-estar psicológico e qualidade de vida. Métodos: 28 participantes do sexo feminino com média de idades de 12,53 ±3,27 anos. Foram avaliadas com uma entrevista focus group, onde na voz dos participantes representam a sua visão e opinião sobre a intervenção na totalidade e o questionário “The Warwick-Edinburgh Mental Wellbeing Scale” antes e após 3 e 6 meses de exposição a um programa de Surf Therapy. Resultados: A implementação do currículo é abordada pelas participantes, donde demonstram a importância do mesmo durante as sessões, todavia, referem algumas dificuldades em certas dinâmicas, maioritariamente no grupo de menor idade. Os objetivos definidos no modelo lógico foram na sua maioria cumpridos, no entanto as participantes relatam alguma resistência por parte da comunidade local. Os índices de bem-estar psicológico encontram-se com valores relativamente altos. A qualidade de vida não teve melhorias significativas, tendo baixado ligeiramente na média 53.00±11.62 para um de 50.42±10.24 do primeiro ao último momento de avaliação caraterizando-se como moderada qualidade de vida, sem indicadores de depressão Conclusão: Percebe-se que o modelo lógico se ajusta à realidade local, que este grupo de raparigas desenvolveu uma subcultura de surf. No entanto também se percebe que existe a necessidade de ajuste do projeto para um aproveitamento e compreensão das participantes mais novas. Também existe a necessidade de sensibilização da comunidade para que comecem a identificar as raparigas como capazes e corajosas para enfrentar com a mesma astucia o mar e os desafios de praticar surf.